Setor de turismo prepara retomada focada em destinos domésticos

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Destinos domésticos já estavam em pauta antes das regras de flexibilização por governos estaduais e prefeituras

O setor de turismo brasileiro já trabalhava com a ideia de preparar sua retomada baseada em destinos domésticos. Isso significa viagens para pequenas distâncias. O foco surgiu antes do começo da flexibilização das regras de isolamento social para conter a Covid-19 por governos estaduais e prefeituras.

Vale destacar que no início da quarentena havia um cenário que poderia ser destruidor para o turismo no país.

Destinos domésticos no Brasil

O setor ainda revela que no curto e médio prazo vai se estabelecer um novo comportamento dos viajantes. Neste quesito entram: a busca por raízes familiares, uma vida mais simples, sossego, além de uma aversão ao consumismo sem limites. Portanto, estas são as novas tendências que a associações da cadeia turística e especialistas têm debatido em videoconferências e webinars nas últimas semanas.

No final de maio, houve a tentativa de uma primeira retomada do mercado de turismo, principalmente na região Sul do país.

Sobrevivência de todos os elos do segmento

Magda Nassar, presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagens (Abav), tem dividido seu tempo entre a negociação de medidas econômico-financeiras para a sobrevivência de todos os elos do segmento. É calculado que em torno de 50 diferentes subsetores da economia estão atrelados ao turismo.

“Estamos prontos para começar assim que houver entendimento de que a curva (de contaminação) está mesmo em queda. Estamos trabalhando com diversos protocolos de biossegurança, começando com a abertura das agências de viagens, hotéis, parques, pensando o setor de uma maneira superampla.”

Além da questão de saúde e sensação de segurança para que os clientes voltem às agências, Magda também se preocupa em relação ao fluxo de caixa do setor.

FGV Projetos

De acordo com estudo da FGV Projetos, é projetado valor de R$ 161,3 bilhões em relação às perdas econômicas para o turismo do país durante o biênio 2020/2021. Sendo assim, essas estimativas apontam que o nível das receitas pré-pandemia só seria igualado no fim de 2021. Além disso, sobre a recuperação das perdas, se ocorrerem, demandaria taxas de crescimento em torno de 17% em 2022 e 2023.

Sobre isso, Maga acrescenta:

“Nossa queda (nas agências) atinge até 96% da receita em várias empresas. As companhias aéreas estão voando hoje com 12% ou 13% de sua capacidade. O crédito precisa chegar na ponta e com rapidez.”

Sua opinião também diz respeito à dificuldade em obter recursos das linhas de crédito emergenciais já aprovadas pelo governo federal e o Congresso Nacional.

Adaptação dos viajantes

Todavia, as empresas que conseguirem passar por este período de crise terão que enfrentar ainda o desafio de adaptação a um viajante, que possui gostos e comportamentos que foram também transformados durante o período de isolamento social.

Com o objetivo de entender este nova realidade, a Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa) ouviu a opinião do professor Ian Yeoman, professor de turismo na Victoria University, da Nova Zelândia.

O professor é conhecido como o “futurista” do setor por já ter escrito livros sobre o tema. Ele disse em um webinar que o novo consumidor dos pacotes de viagens será mais conectado á família e aos amigos. Também será menos consumista e mais atento ao comprometimento das empresas com a responsabilidade social, empatia de suas lideranças e funcionários.

Rede hoteleira

Neste caso, a rede hoteleira pode aproveitar este momento que apresenta um tom mais “caseiro” dos clientes para ofertar pacotes de “staycations” para famílias das próprias cidades em feriados locais. Com isso, as agências aproveitariam a desaceleração para oferecer opções de lazer mais recreativo e contemplativo, o que inclui a fotografia e a pesca, por exemplo. Além disso, a tecnologia neste momento é muito importante, já que possui um uso inteligente de dados sobre os consumidores, ajudando nas análises das preferências dos turistas.

Yeoman acrescenta que neste futuro esperado, as escolhas por destinos domésticos caracterizados mais seguros, do ponto de vista sanitário, desenvolve uma cultura de confiança. Portanto, tudo isso é essencial para o setor neste momento.

Assimilação

Já para a presidente da Abav, as novas e futuras restrições serão absorvidas pelos turistas com o passar do tempo. Ela cita o exemplo pós-11 de setembro:

“Os hábitos vão se reorganizando e, no final, se você tem a sensação de mais segurança, mais higiene e mais limpeza, você se sente melhor.”

Redescobertas por meio de destinos domésticos

O momento atual é de redescoberta do turista brasileiro pelo seu próprio país, ao visitar destinos nacionais. Sendo assim, há um estímulo de um segmento responsável pela geração de mais de 7 milhões de empregos diretos e indiretos. Este p o morte do Movimento Supera Turismo, uma campanha lançada no começo de junho pela Abav, Braztoa e pela Abracorp, que representa as viagens corporativas.

Por meio do site da iniciativa é possível acompanhar as informações do setor, além de um filme que pede ao turista que siga viajando. Este é o primeiro passo para a retomada, afirma Magda:

“É preciso mostrar melhor o Brasil para o mundo. Tirando neve, qualquer outro sonho de viagem o Brasil atende.”

*Foto: Divulgação

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