Aprovada há mais de um ano, pesquisa sobre Covid-19 será coordenada pela geneticista Mayana Zatz
Na semana passada, o governo federal liberou quase R$ 4,8 milhões para um projeto de pesquisa sobre Covid-19, coordenado pela geneticista Mayana Zatz. Apesar de o dinheiro ser liberado só agora, o projeto foi aprovado há mais de um ano. Ele envolve vários laboratórios e estava com os recursos retidos.
Vale lembrar que em fevereiro houve uma votação que focava na facilidade da compra de vacinas.
Pesquisa sobre Covid-19
A pesquisa de Zatz foi mencionada em reportagem do Estadão no início do mês. O foco da matéria falou sobre os efeitos do congelamento ilegal de R$ 5 bilhões em verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Ciência e Tecnologia (FNDCT).
Os recursos foram liberados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). No entanto, a maior parte dos recursos do FNDCT permanece no chamado “reserva de contingência”, ou seja, retidos. Neste caso, R$ 2,7 bilhões estão travados.
Além disso, segundo especialistas consultados pelo Estadão, o bloqueio é ilegal. Isso porque ele contraria uma lei complementar aprovada pelo Congresso e promulgada em março.
Sobre Mayana Zatz
Mayana Zatz é professora do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP) e uma das principais cientistas em sua área no Brasil. Ela explica que, com a demora na liberação dos recursos, será preciso mudar o objeto da pesquisa. A princípio, a ideia era estudar a forma como a Covid-19 alterava a expressão dos genes das pessoas acometidas pela doença.
“A gente ia coletar amostras de mil pacientes infectados e fazer o estudo do genoma. Agora, vamos ter de mudar o projeto. Ainda estamos debatendo o que será feito.”
Contudo, a pesquisadora ressaltou a importância da matéria do Estadão para a liberação dos recursos. Mas admite que o problema permanece:
“Claro que eu estou muito feliz de ter recebido os recursos para o nosso projeto, mas temos inúmeros pesquisadores excelentes que estão sem recursos. E também estamos perdendo os jovens que acham que não têm possibilidades de seguir carreira no Brasil.”
Opinião da SBPC
Por outro lado, o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ildeu de Castro Moreira, afirma que a liberação dos recursos ainda retidos é “essencial” para a cidade brasileira:
“A novidade nesta área foi a nota aprovada pelo Conselho Diretor do FNDCT (na quinta), tendo como único voto contrário o do representante do Ministério da Economia.”
O conselho mencionado por Ildeu é o responsável por definir como os recursos do FNDCT serão gastos. No dia 17 de junho, o colegiado se reuniu pela primeira vez desde o começo do ano passado e aprovou manifestação solicitando a liberação completa dos recursos. A manifestação também diz que só o próprio conselho deve estabelecer como o dinheiro será aplicado.
*Foto: Divulgação