Os desafios econômicos iniciais de 2020 foram elevados

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O final de fevereiro gerou desafios econômicos internos e externos que já valeriam para o ano todo. Segundo o mestre em economia pela USP, Sergio Vale, o último início de ano conturbado foi há 20 anos, quando a taxa de câmbio ficou flexível, que resultou em um tripé macroeconômico positivo nos anos seguintes.

Desafios econômicos de 2020

Entre estas duas últimas décadas, houve idas e vindas em relação ao ajuste fiscal e atualmente o país está em fase de desacordo com o caminho a seguir nesta área.

De um lado, a equipe econômica tem como desafios buscar reformas para manter a redução do déficit público. Do outro, o Congresso continua buscando subterfúgios para seguir elevando o gasto público. Hoje, a bem estruturada regra do teto é o novo alvo de críticas, onde as capitalizações de estatais são a válvula de escape para a alta de despesas.

Em esfera estadual, o fato surpreendeu de forma negativa o aumento salarial de 41% destinado a policiais mineiros, estendido pela Assembleia para o resto do funcionalismo. O caso relembra janeiro de 1999, quando o estopim para a crise cambial daquele mês foi o não pagamento da dívida externa pelo governo mineiro, governado à época por Itamar Franco.

Flanco desnecessário

Com esta decisão do estado mineiro, abriu-se uma aba desnecessária às demandas de outros estados em uma categoria tão vocal como os policiais. A tudo isso é adicionado o motim no Ceará, que resultou em tiros no Senador Cid Gomes.

O momento agora é de mal estar em relação à falta de crescimento econômico, que pode ser a culpada pelos riscos que o país corre. Um dos maiores desafios e problemas da atual gestão presidencial é que o caminho das reformas pare, dando lugar a estímulos de curto prazo, visando as eleições de 2022.

O maior problema talvez seja uma falta de paciência do presidente Bolsonaro que faça com que o bom e lento caminho das reformas seja de vez paralisado para dar lugar a estímulos de curto prazo visando as eleições de 2022. No entanto, isto não quer dizer que o caminho está errado, e sim que demanda mais tempo e esforço para que gere mais resultados no PIB.

Desafios exige mais paciência

Hoje, mais do que nunca é preciso ter mais paciência e fofo para driblar os desafios econômicos e continuar com uma agenda relevante. As reformas mais relevantes são a PEC Emergencial, que reforça a regra do teto, e a tributária, que é a grande briga do Rodrigo Maia, Presidente da Câmara.

Além disso, pode haver o risco da falta de foco e concentração em relação à reforma administrativa. Não há dúvidas de que a reforma de Estado é muito importante. Porém, será que ela é de fato primordial na agenda de tantas reformas que o país necessita agora?

Neste caso, o que deve ser feito para atenuar tantos desafios? Em primeiro lugar, deixar a Câmara e o Senado organizarem um debate sobre o IVA. Do outro lado, o Executivo focar em sua proposta sobre o imposto de renda. E também, ao mesmo tempo, concluir a Lei de Saneamento, além de acelerar a nova Lei de Falências, que é essencial para que tenha uma reforma microeconômica, com o intuito de reduzir o spread de juros para as empresas. E, finalmente, concentrar os esforços da PEC Emergencial.

Fonte: revista EXAME

*Foto: Divulgação

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