A Netflix afirmou na última terça-feira (17) em documento público o número de clientes que possui por região. Por ele, ficou claro que o serviço de streaming depende cada vez menos dos Estados Unidos. De acordo com o relatório, o estudo mais aprofundado ocorre em função do aumento no número de usuários e de faturamento fora de seu mercado de origem.
Netflix – documento
O documento revela que entre os meses de janeiro e setembro de 2019, a empresa possuía metade de sua receita total, no valor de US$ 14,5 bilhões, vinda dos EUA. Seu segundo maior mercado é baseado na Europa, com receita de US$ 4 bilhões. Em seguida, aparece a América Latina, com US$ 2 bilhões, e pela Ásia em quarto lugar, com US$ 1 bilhão, e que vale ressaltar o tamanho da oportunidade em países como China, Japão e Índia.
No que diz respeito a seu local de origem, os EUA representaram apenas 42% dos 157 milhões de assinantes da Netflix, o que equivale a 67 milhões de pessoas. Os outros 47 milhões de clientes estavam concentrados na Europa e na América Latina, 29 milhões, além de ser a região com a assinatura mensal mais barata de todas (US$ 8,21). No fim do ano passado, a América Latina correspondia a 26 milhões de assinantes, ante 19 milhões, em 2017. Na prática, o serviço de streaming fidelizou 10 milhões de novos usuários nesta região em apenas sete trimestres.
Netflix – manter o crescimento
No entanto, manter esta ascensão em relação ao número de clientes não depende só da Netflix. A empresa já possui como assinantes um terço dos latino-americanos, com acesso a banda larga, de acordo com informações da agência Bloomberg. Contudo, o avanço da internet de alta velocidade depende do crescimento do poder aquisitivo de uma região que se desenvolve abaixo da média global, além de decisões governamentais.
Em suma, o leilão para a adoção de internet 5G, que seria no ano que vem, deve ser realizado em 2021, no Brasil. No caso da Argentina, sob o novo governo de Alberto Fernández, o aumento de impostos para despesas no exterior deve impactar nos serviços de streaming, como a Netflix e o Spotify, de músicas.
Concorrência
A Netfliz também enfrenta forte concorrência, tanto na América Latina, como em outros continentes. Prova disso é que a Disney lançou no mês passado seu serviço de streaming Disney+ nos EUA e abocanhou 10 milhões de assinantes em um único dia. No Brasil, este serviço deve chegar apenas em novembro de 2020. Desde seu lançamento, as ações das duas empresas mantêm a estabilidade. A Disney possui pouco menos que o dobro da Netflix, quase US$ 267 bilhões. Portanto, esta disputa de mercado deve perdurar por um longo tempo. A probabilidade da Disney é atingir 90 milhões de assinantes já nos próximos cinco anos.
Isso acaba refletindo na corredia da Netflix em conseguir elevar seu número de assinantes, que pode ficar cada mais cara. A companhia deve investiu US$ 15 bilhões em centenas de séries e filmes originais em 2019, o que inclui a bem-sucedida produção “O Irlandês”, que custou US$ 160 milhões.
Direitos autorais
Em contrapartida, o valor de direitos de seriados que fizeram sucesso no passado também despende um gasto exorbitante. Em um leilão realizado para garantir o direito de exibir Friends por cinco anos, quem ganhou a disputa foi a HBO Max, da WarnerMedia, que começará suas operações nos EUA no ano que vem. O preço acordado foi de US$ 425 milhões, de acordo com especulações divulgadas pela imprensa americana. Por outro lado e para não ficar para trás no mercado de streaming, a Netflix desembolsou a quantia de um valor similar para exibir, a partir de 2021, todas as temporadas de “Seinfeld”.
Conforme uma pesquisa realizada pelo The Wall Street Journal, um terço dos entrevistados afirmou que possivelmente cancelará a assinatura da Netflix, na intenção de experimentar novos serviços de streaming. Portanto, a empresa tem o desafio de que conquistar a lealdade de seus clientes.
Mas há a boa notícia de que o setor deve permanecer em ascensão. É o que aponta um estudo da empresa eMarketer, que diz que o número de assinantes de serviços de streaming já atingiu o patamar de 1 bilhão neste ano, o que equivale a 15% da população mundial, e que pode chegar a 1,8 bilhão em 2023, representando 23% da população mundial.
Fonte: Revista Exame
*Foto: Divulgação