A cerveja Corona tem sido constantemente confundida, em função da semelhança do nome com o novo coronavírus. Em razão disso ela entrou para o ranking de negócios que estão sofrendo com a epidemia da doença. Sua controladora global, a AB InBev, já perdeu US$ 170 milhões em lucros só entre janeiro e fevereiro deste ano, em decorrência da diminuição da demanda na China, um de seus principais mercados.
Outro motivo diz respeito aos EUA, onde a marca é controlada pela empresa Constellation Brands. Por lá, a Corona tem sido questionada. O fator é que parte dos americanos pode estar associando de forma errada o nome Corona à epidemia de coronavírus, e supondo que possa haver algo entre eles.
Corona no EUA
Desde 2013, a Constellation Brands conquistou o direito da AB InBev de distribuir a marca Corona em solo americano. Ela disse em nota ontem (28), que não existe impacto prático na companhia. Em comunicado, Bill Newlands, presidente da empresa americana afirmou que, apesar da desinformação de muitas pessoas, as vendas no país seguem normalmente:
“Não temos visto impacto em nosso pessoal, instalações ou operações e nossos negócios continuam apresentando um desempenho muito bom.”
Criada no México em 1925, o nome da cerveja Corona vem do latim “coroa”, cujo desenho também está impresso nos rótulos da bebida. Já o nome do coronavírus também vem do mesmo termo, pois a família de vírus que recebe essa nomenclatura tem a forma de uma coroa.
Redes sociais
Nas redes sociais surgiram muitas piadas. No entanto, a declaração do presidente da Constellation vem a público uma semana após o assunto se tornar mais sério. De acordo com uma agência de relações públicas, 5WPR, dos 737 adultos entrevistados nos EUA, 38% deles “não comprariam Corona sob nenhuma circunstância”. Um total de 16% afirma que estava “confuso se a cerveja Corona é relacionada ao coronavírus”. Porém, não é possível dizer com absoluta certeza se as pessoas não comprariam Corona por causa do vírus, além desta pesquisa ter uma amostra pequena e ser pouco específica.
Já a companhia de pesquisa de mercado YouGov afirmou também quo o chamado “buzz score” (a pontuação baseada em opiniões sobre a marca nas redes sociais) despencou de 75 no início do ano para 51 em fevereiro. Além disso, houve redução na intenção de compra medida pelas mídias sociais. A YouGov não sabe dizer se o culpado é o coronavírus, e destaca que a queda ainda pode ser em decorrência de a cerveja Corona ser uma marca vinculada a feriados na praia. Atualmente, os EUA estão no período de inverno, e a não tiveram grandes feriados após o começo deste ano.
Ao lançar no Twitter uma campanha sobre uma nova bebida gaseificada, a própria marca Corona pôs mais lenha na fogueira. A imagem mostrava a bebida na praia e continha os dizeres ““coming ashore soon” (algo como “Vindo para terra firma logo”, em inglês). A companhia foi duramente criticada, por promover um anúncio “insensível” em meio à propagação do vírus. Com isso, a postagem foi apagada.
Corona – tendências positivas
Em contrapartida, para a Constellation, todas as unidades que apoiam os negócios da empresa com cervejas estão vendo intenções positivas de comércio para a marca até o momento. Newlands destacou ainda que a companhia não possui muita visibilidade em mercados internacionais como a China, que foram os mais prejudicados pela doença.
Em solo americano, a Corona Extra é a sexta cerveja mais vendida, ficando atrás da Budweiser (também da AB InBev), e cervejas da fabricante MillerCoors, como a Coors Light. Em relação aos rótulos de outros países, a Corona é a cerveja mais importada do mercado dos Estados Unidos.
No mercado cervejeiro americano, a Constellation Brands possui 10% da fatia, de acordo com número de 2018 da NBWA, associação de distribuidores de cerveja americanos. Só a Corona Extra possui pouco mais de 4% do mercado. As cervejas da AB InBev têm 40,8% do mercado, contra 23,5% dos rótulos da MillerCoors.
Até o momento, o novo coronavírus deixou mais de 2.900 mortos e mais de 85.400 infectados, a maioria na China. A epidemia já começou a se espalhar com maior intensidade fora da China, nos últimos dias, infectando mais de 5.000 pessoas no exterior.
No Brasil, já são dois casos confirmados, ambos na cidade de São Paulo. Nos EUA, são 64 confirmados até a manhã deste sábado, 29.
Fonte: Revista EXAME
*Foto: Divulgação