Na quinta-feira passada (16), chegou em São Paulo a principal executiva global da Avon, a romena Angela Cretu. Ela participou de visitas às operações brasileiras da integração com a Natura, que é a nova controladora da multinacional.
Integração Avon-Natura
A cúpula da Natura promoveu estes encontros no dia 16 para alinhar tudo após a conclusão da compra de sua rival pelo valor de US$ 2 bilhões, no dia 3 de janeiro.
Na segunda-feira (13). Os fundadores da empresa Luiz Seabra, Guilherme Leal e Pedro Passos, juntamente com os principais executivos, como Roberto Marques, presidente da Natura & Co e João Paulo Ferreira, presidente da Natura & Co na América Latina, foram à matriz da Avon, em Suffern, Nova York, onde visitaram o histórico laboratório fundado em 1897 pela companhia. Já nos dias 14 e 15, eles estiveram em Londres, no escritório da Avon, e também na nova sede da The Body Shop, a qual a empresa brasileira arrematou sua compra em 2017, a tirando das mãos da francesa L’Oréal.
Trâmites
Estes trâmites integram uma liturgia em processos de fusões e aquisições, em que as equipes de cada parte envolvida se apresentam. Na sequência é elaborado um trabalho entre grupos com o intuito de acelerar ambas as companhias para se tornarem uma única empresa. No caso da Avon, duas grandes frentes terão que ser tocadas ao mesmo tempo.
A primeira delas será liderada por Angela, que possui mais de 20 anos de experiência na companhia americana. Ela já ocupou o cargo de vice-presidente do grupo e gerente geral da Europa Central, responsável por 18 países. Sua nova função é supervisionar o andamento desta difícil virada de negócios com vendas e lucro em baixa em aproximadamente 100 países, com exceção dos EUA, que não fez parte da venda para a Natura. Quando as operações estiverem alinhadas, a Natura possuirá 6,3 milhões de consultoras e mais de 3.500 lojas, operando em 100 países e alcançando mais de 200 milhões de consumidores.
A segunda parte da integração será unir as duas operações na América Latina. Quem ficará à frente disso é João Paulo Ferreira, da Natura&Co nesta mesma região. Com isso, a Natura terá de fazer a primeira integração de sua história. Antes, o grupo só havia mantido as operações completamente separadas, no caso de Aesop (comprada em 2016) e da The Body Shop (adquirida em 2017).
Neste setor, apenas as áreas comercial e de desenvolvimento de produto deverão continuar independentes. Neste caso, a ideia é garantir a preservação de identidade e posicionamento mercadológico distintos e ainda o complementar, em vista que o valor médio da marca Avon é um pouco abaixo da Natura.
Investimentos
A partir daí, o dinheiro será reinvestido na operação, passando a liderar isoladamente o mercado brasileiro de beleza, com mais de 16% de participação. Atualmente, a Natura já lidera com 11,9%, uma diferença acirrada em relação à Unilever e ao grupo O Boticário, que dobrou as vendas nos últimos dez anos, em virtude de assim como suas concorrentes Natura e Avon, entrar para a seara da venda direta.
Até o momento, o mercado tem visto com bons olhos a integração entre Natura e Avon. As ações já acumulam em torno de 15% em janeiro. Além do fato da notícia de uma revisão mais otimista da previsão de economias, corroborando com a fusão das companhias.
Hoje, a projeção indica uma economia que varia de US$ 200 milhões a US$ 300 milhões por ano, nos próximos 36 meses. A previsão anterior, anunciada em maio de 2019, indicava que o negócio representaria uma economia entre US$ 150 milhões e US$ 250 milhões.
Já foi estipulado um prazo com o mercado para a prestação de contas do andamento dos trabalhos desta integração entre Natura e Avon. O encontro com investidores está programado para o dia 24 de abril.
Fonte: Revista Exame
*Foto: Divulgação