Reajuste da tarifa de transporte público será abaixo da inflação; novos valores foram enviados à Câmara e Assembleia
A partir de 1º de janeiro, a tarifa referente às passagens de ônibus, metrô e trem serão reajustadas de R$ 4,30 para R$ 4,40, na cidade de São Paulo, de acordo com nota conjunta das gestões municipal de Bruno Covas (PSDB) e estadual de João Doria (PSDB).
Ainda segundo comunicado, os novos valores foram enviados na última sexta-feira (20) aos presidentes da Câmara Municipal e para a Assembleia Legislativa.
Tarifa abaixo da inflação
No entanto, o reajusta praticado será de 2,33%, que está abaixo da inflação. Se o governo seguisse o IPCA, com inflação acumulada de 3,27%, a nova tarifa seria de R$ 4,44.
A nota conjunta ainda diz que as atuais gratuidades serão mantidas. Na capital paulista, diariamente, 8,3 milhões de passageiros utilizam as 13 linhas disponíveis do metrô e CPTM, e 8,8 milhões usam os ônibus.
No dia 19 de dezembro, Edson Caram, secretário municipal de Transportes, tinha apresentado a proposta ao CMTT (Conselho Municipal de Transportes e Trânsito), porém, faltava ainda a palavra final de Bruno Covas.
Caram também ressaltou que a proposta foi pensada na intenção de reduzir bastante o subsídio do sistema de ônibus em 2020:
“Para isso, serão necessárias readequações não só no sistema como fazer a reposição.”
Capacidade de manter a tarifa
No dia 20 também foi dito pelos 11 conselheiros do CMTT, após assinatura da carta, que a prefeitura tem condições financeiras para manter este valor de tarifa. De acordo com eles, a despesa para o órgão público de manter o valor R$ 4,40 seria de R$ 127 milhões. Fora isso, eles alegam que o impacto social da medida não é levado em consideração pela prefeitura.
Quem também está contrário à medida é o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).
Em uma entrevista coletiva para lançar um programa social em Paraisópolis, o governador João Doria disse não ter uma opinião formada sobre o tema:
“Não há uma decisão ainda. Temos uma comissão conjunta. A prefeitura de São Paulo também tem seu comitê. Estamos em debate sobre esta decisão.”
Impopularidade de reajustes em SP
O tema de reajustes na tarifa do transporte público paulistano acabou se tornando um tabu na cidade depois dos protestos de junho de 2013.
Com as manifestações, além do desgaste sofrido pelo então prefeito Fernando Haddad (PT) e pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), foi decidido reverter o aumento das passagens naquela época. Com isso, os reajustes de ônibus, trem e metrô ficaram abaixo da inflação, ao passo que os reajustes anteriores haviam superado a inflação acumulada.
Em janeiro deste ano, o atual prefeito subiu a tarifa de R$ 4 para R$ 4,30, um reajuste maior do que a inflação de 2018, de 3,75%. Na ocasião, a gestão argumentou que se tratava de uma reposição, decorrentes dos anos anteriores em que não houve aumento.
Fonte: Folha de S. Paulo
*Foto: Divulgação/Aloisio Mauricio/Fotoarena/Estadão Conteúdo