Nordeste ainda é visitado por turistas, porém com alguns reajustes em relação à comida e passeios, por conta do derramamento de óleo que assola a região
As primeiras manchas de óleo chegaram à região Nordeste no dia 30 de agosto e com isso turistas mudaram seus hábitos para poderem continuar a visitar estes locais. Entre as alterações, estão: trocar o mar pela piscina dos hotéis; e o peixe pela carne de sol.
No dia 25 de outubro, o resort Iberostar, localizado na Praia do Forte, no litoral norte da Bahia, registrou 98% de ocupação. Porém, raros foram os hóspedes que se arriscaram a mergulhar no mar, atingido pelo óleo dias antes.
Já na ilha de Boipeba, em Cairu (a 176 km de Salvador), visitantes não entraram no mar, mesmo os relógios marcando 30°C, e ainda transitavam pelo local com garrafas de água para tirar qualquer resquício de óleo da pele.
Turistas nas praias do Nordeste
No dia 1º de novembro, as praias da Bahia (Maracaípe e Cupe) e de Muro Alto (Pernambuco), que foram atingidas pelas manchas de petróleo 15 dias antes, ainda constatavam um movimento abaixo da normalidade.
Para Juvenal dos Santos, dono de um bar e restaurante de Maracaípe, frequentada por surfistas, é um fato o movimento de pessoas por ali ter caído e ainda ressalta que eles ficam com receio de ir até lá por causa do que sai na mídia.
Já Reginaldo Júnior, que é jangadeiro e trabalha levando turistas ao famoso passeio dos cavalos marinhos, reclama do baixo movimento também, mas observa que aos poucos, as pessoas estão voltando a procurá-lo.
Piscinas naturais e frutos do mar
Mas nem só de praias vive o Nordeste e com as manchas de óleo, os turistas optaram por outras formas de conhecer a região. É o caso de Porto de Galinhas, que conta com piscinas naturais. Portanto, o clima ali era de normalidade e havia bastante gente no dia 1º de novembro, por exemplo.
Em contrapartida, os barraqueiros de Jacuípe, no litoral baiano, sentiram os reflexos das baixas vendas de seus frutos do mar. Isso aconteceu até com o carangueijo, considerado carro-chefe desta praia e, consequentemente, culminando em prejuízo a estes comerciantes.
Situação semelhante é enfrentada em Itapuama, no litoral sul de Pernambuco. Por lá, a clientela sumiu após o aparecimento do óleo, segundo o barraqueiro Luciano José de Souza, que vive das vendas de peixe e cerveja na praia.
A visitante Conceição Nunes, que veio com a família de Brasília para passear no litoral pernambucano revela que não está comendo o peixe da região, por não querer se arriscar. No lugar do tradicional fruto do mar, optou pela carne de sol.
Mudança de comportamento dos turistas
Segundo André Luiz Araújo, presidente da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) em Pernambuco, houve uma mudança de comportamento dos turistas e consumidores locais, que trocaram o peixe pela carne ou ave. Isso aconteceu em virtude de 70% dos peixes consumidos em Pernambuco terem origem da região Norte.
Reservas
Apesar do óleo, não houve um registro forte de cancelamentos de reservas em hotéis e pousadas, conforme afirmação de associações do setor.
Em geral, não houve um movimento forte de cancelamentos de reservas em hotéis e pousadas, relatam as associações do setor.
No entanto, em Alagoas e Pernambuco turistas cancelaram hospedagens em pousadas. Mas para Luiz Claudio Gonçalves, proprietário de uma pousada em Maragogi (AL), a perda não foi expressiva e ressalta que seu público-alvo está sabendo enxergar quais informações são corretas ou não.
A programação de descanso e passeios tem sido mantida por boa parte dos turistas que visitam a região Nordeste. Porém, eles têm adotado medidas cautelosas nos locais atingidos pelo óleo.
O Ibama divulgou um relatório no dia 1º de novembro em que 296 locais em 101 municípios de todos os estados nordestinos foram atingidos pelo derramamento de petróleo.
Fonte: Folha de S. Paulo
*Foto: Divulgação